A Refinaria Premium II, a ser construída no Pecém, é essencial para o
Brasil, de acordo com o professor Alexandre Szklo, professor do
Programa de Planejamento Energético da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ). Ele explica que o mercado do Nordeste é deficitário,
sendo imprescindíveis investimentos que contemplem a região. O professor
também considera importante a implantação da Refinaria Abreu Lima, em
Pernambuco, mas põe em xeque a necessidade da Premium I, no Maranhão.
Alexandre
explica que as refinarias pernambucana e cearense, com capacidade de
processamento de 230 mil e 300 mil barris/dia de diesel, são oferta
suficiente para o mercado crescente da Região. O projeto maranhense é
arriscado, diz o professor, por visar ao mercado externo originalmente.
“Os
Estados Unidos têm mercado levemente superavitário com exportação para a
Europa, onde também não há demanda para o diesel brasileiro. No
Oriente, a competição é difícil”, frisa. Com capacidade de produção de
600 mil barris/dia, a alternativa para a Premium I, informa o professor,
seria atender o Centro-Oeste e Sudeste, onde a demanda é grande. Mas,
com isso, teria que arcar com os custos logísticos.
Ele afirma
que a situação econômica da Petrobras é complicada, já que a estatal
vem praticando preços abaixo do mercado para segurar a inflação, mas que
os investimentos são inevitáveis. “É como se você tivesse um cofre
vazando e tivesse que tirar mais dinheiro dele para investir”.
Em
curto prazo, afirma o professor, os investimentos em refino não são
rentáveis para a Petrobras. Entretanto, ele os classifica como
inevitáveis e lucrativos em longo prazo, principalmente com o aumento da
extração de petróleo no País. “Se não tiver refinaria, o Brasil vai se
tornar um México, exportando petróleo e importando diesel”.
Gasolina
As
novas refinarias da Petrobras, acrescenta o professor, também podem
produzir gasolina, contando com certo grau de flexibilização, o que deve
ser aplicado aos projetos do Nordeste. Além de mercado crescente no
Nordeste, com a rápida expansão no mercado de veículos leves, a produção
de gasolina dá segurança ao Brasil em caso de desabastecimento de
etanol – o que poderia acontecer diante de problemas de safra de cana.
Alexandre
rebate os comentários de que a Petrobras não teria capacidade
tecnológica para construir refinarias. “O petróleo brasileiro é exótico.
A Petrobras tem que desenvolver tecnologias adaptadas ao petróleo
brasileiro”, enfatiza.
Ele também constata que, apesar de um
hiato de 22 anos desde que a estatal construiu sua última refinaria,
houve investimentos nos parques de refino já existentes, com implantação
de novas tecnologias e aumento da capacidade. A causa desse intervalo
sem novas plantas, afirma, é que a empresa estava voltada à extração de
petróleo. “Essa ideia de deficiência tecnológica talvez seja uma
ansiedade, natural, de vocês no Ceará pela refinaria”, afirma.
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