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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Refinaria é essencial para o País.

A Refinaria Premium II, a ser construída no Pecém, é essencial para o Brasil, de acordo com o professor Alexandre Szklo, professor do Programa de Planejamento Energético da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ele explica que o mercado do Nordeste é deficitário, sendo imprescindíveis investimentos que contemplem a região. O professor também considera importante a implantação da Refinaria Abreu Lima, em Pernambuco, mas põe em xeque a necessidade da Premium I, no Maranhão.

Alexandre explica que as refinarias pernambucana e cearense, com capacidade de processamento de 230 mil e 300 mil barris/dia de diesel, são oferta suficiente para o mercado crescente da Região. O projeto maranhense é arriscado, diz o professor, por visar ao mercado externo originalmente.

“Os Estados Unidos têm mercado levemente superavitário com exportação para a Europa, onde também não há demanda para o diesel brasileiro. No Oriente, a competição é difícil”, frisa. Com capacidade de produção de 600 mil barris/dia, a alternativa para a Premium I, informa o professor, seria atender o Centro-Oeste e Sudeste, onde a demanda é grande. Mas, com isso, teria que arcar com os custos logísticos.

Ele afirma que a situação econômica da Petrobras é complicada, já que a estatal vem praticando preços abaixo do mercado para segurar a inflação, mas que os investimentos são inevitáveis. “É como se você tivesse um cofre vazando e tivesse que tirar mais dinheiro dele para investir”.

Em curto prazo, afirma o professor, os investimentos em refino não são rentáveis para a Petrobras. Entretanto, ele os classifica como inevitáveis e lucrativos em longo prazo, principalmente com o aumento da extração de petróleo no País. “Se não tiver refinaria, o Brasil vai se tornar um México, exportando petróleo e importando diesel”.

Gasolina
As novas refinarias da Petrobras, acrescenta o professor, também podem produzir gasolina, contando com certo grau de flexibilização, o que deve ser aplicado aos projetos do Nordeste. Além de mercado crescente no Nordeste, com a rápida expansão no mercado de veículos leves, a produção de gasolina dá segurança ao Brasil em caso de desabastecimento de etanol – o que poderia acontecer diante de problemas de safra de cana.

Alexandre rebate os comentários de que a Petrobras não teria capacidade tecnológica para construir refinarias. “O petróleo brasileiro é exótico. A Petrobras tem que desenvolver tecnologias adaptadas ao petróleo brasileiro”, enfatiza.

Ele também constata que, apesar de um hiato de 22 anos desde que a estatal construiu sua última refinaria, houve investimentos nos parques de refino já existentes, com implantação de novas tecnologias e aumento da capacidade. A causa desse intervalo sem novas plantas, afirma, é que a empresa estava voltada à extração de petróleo. “Essa ideia de deficiência tecnológica talvez seja uma ansiedade, natural, de vocês no Ceará pela refinaria”, afirma.


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