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terça-feira, 20 de novembro de 2012

Carência valoriza mão de obra no setor petrolífero

Falta de mão de obra leva empresas do setor petrolífero a pagarem 30% a mais para um profissional da área
Com a demanda por uma maior produção de petróleo e a promessa de novas explorações no País, o setor tem se preocupado com a falta de profissionais qualificados para atuarem na área.


A palestra de Luiz Gonzaga Bertelli contou com a presença de vários estudantes dos cursos de engenharias como mecânica e ambiental, além do novo curso tecnológico de Petróleo e Gás da Universidade de Fortaleza Foto: Tuno Vieira

Prova disso é que após 40 anos sendo autossuficiente, o Brasil voltou a importar gasolina e diesel de outros países.

Para debater o tema, a Unifor promoveu ontem a palestra "A produção do petróleo no Brasil: perspectivas do pré-sal e a formação de recursos humanos para o setor petrolífero", ministrada pelo presidente executivo do CIEE e consultor de empresas do setor petrolífero e de produção de açúcar e de álcool, Luiz Gonzaga Bertelli. Entre os presentes no evento estava o superintendente da Nacional Gás, Edson Queiroz Neto, e a reitora da Unifor, Fátima Veras. "O projeto do pré-sal é muito ousado em termos de tecnologia e de recursos. No mundo inteiro, nunca se perfurou petróleo em águas tão profundas como agora a Petrobras pretende. São cinco quilômetros de profundidade, 300 Km da costa, exigindo uma tecnologia que precisa um desenvolvimento efetivo", destacou o especialista.

Formação

Para se ter uma ideia, de acordo com o consultor, o Brasil formará 40 mil engenheiros neste ano, enquanto a China deve concluir 2012 com 500 mil destes profissionais. "Há uma carência também, muito grande, no que se refere a técnicos formados por esse setor. Nos processos seletivos, quando você manda dez técnicos, por várias vezes as empresas devolvem todos eles por falta de qualificação. Com a vinda das organizações estrangeiras, elas demandam jovens que conheçam bem informática, o que as escolas, de um modo geral, não ensinam bem. A segunda grande exigência é que o candidato domine o inglês de forma fluente e poucas escolas ensinam isso. Em terceiro lugar se exige que os jovens tenham uma cultura generalizada e hoje eles não querem ler", explica.

A falta de mão de obra é grande de tal forma que as empresas do setor de petróleo, petroquímica e gás estão pagando 30% a mais do que outras vagas aos mesmos profissionais em outras vagas do mercado.

Curso

Pensando nas oportunidades geradas, a Unifor deu início neste ano ao curso tecnológico de Petróleo e Gás. Para o coordenador do curso, professor Roberto Menescal, esta é a chance de mostrar aos alunos de forma clara o leque de oportunidades que o setor pode gerar nos próximos anos. "O poder que uma palestra desse tipo insere na cultura do aluno é o conhecimento dele do dia de amanhã, quando ele se formar e buscar trabalho naquela área do petróleo, que é imensa. Pode ser perfuração, produção, refino, distribuição. Pode ser um mundo de oportunidades", comenta o Menescal.

Mesmo com a trajetória de queda na produção de petróleo do País nos últimos anos, para Menescal, são grandes as perspectivas de aumento no Ceará, visto que novos poços em águas profundas estão sendo explorados. Pensando nisso, no próximo dia 20, o curso deverá apresentar novas soluções.

"Nós vamos apresentar à sociedade um sistema de produção de petróleo. Mesmo não tendo petróleo aqui, o aluno terá a oportunidade de ter esse posicionamento de chegar e ver o equipamento que ele só viria a 200 quilômetros de Fortaleza", completa o professor.

Ainda que o resultado não seja imediato, Gonzaga Bertelli também vê o futuro com bons olhos. "O pré-sal é um projeto para os próximos dez ou 15 anos. Imaginar que você tenha muito petróleo do pré-sal é uma utopia. Não há condições para tanto. É uma indústria sofisticada, que exige investimentos fortíssimos. Todos nós temos muita esperança de que o Brasil tenha muito petróleo", comenta. 



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