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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Cientistas transformam ar em petróleo

Uma pequena empresa britânica conseguiu um feito extraordinário: produzir petróleo a partir do ar, utilizando uma tecnologia revolucionária que promete resolver a crise de energia no mundo, bem como auxiliar a frear o aquecimento global, removendo dióxido de carbono da atmosfera terrestre.

A síntese de combustível formado a partir do ar em Stockton-on-Tees resultou em cinco litros de petróleo desde o mês de agosto, quando o projeto foi transferido para uma pequena refinaria que fabrica gasolina a partir de dióxido de carbono e vapor de água.

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A empresa espera que, dentro de dois anos, construa um complexo maior, com planta em escala comercial, para conseguir produzir uma tonelada de petróleo por dia. E também pretende produzir combustível verde para aviação, para fazer com que os aviões emitam menos carbono ou sejam completamente neutros em relação a este material.

Tim Fox, diretor de energia e meio ambiente do Instituto de Engenheiros Mecânicos de Londres, disse ao tabloide The Independent: "Parece bom demais para ser verdade, e é. Eles estão trabalhando nisso e eu fui até lá para conferir. A grande inovação é que eles fizeram isso acontecer como um processo. É ainda um pequeno piloto que consiste na captura de ar e extração de CO2 de sua composição, com base em princípios bem conhecidos. O processo utiliza componentes bem estabelecidos, mas o que é mais emocionante nisso tudo é colocar a coisa toda em conjunto e mostrar que pode funcionar".

Embora o processo esteja ainda em estágios iniciais de desenvolvimento e precise adquirir energia a partir da rede normal de eletricidade para funcionar, a empresa acredita que será eventualmente possível utilizar energia de fontes renováveis, como parques eólicos ou barragens marítimas.

"Nós tiramos o dióxido de carbono do ar e o hidrogênio da água e transformamos estes elementos em petróleo", disse Peter Harrison, executivo-chefe da empresa, que revelou a descoberta em uma conferência no Instituto de Engenheiros Mecânicos de Londres.

"Não existe minguém fazendo tal processo neste país [Inglaterra] nem mesmo no exterior, até onde sabemos. O produto se parece e tem cheiro de petróleo, mas é muito mais limpo e livre dos resíduos presentes no petróleo derivado de combustíveis fósseis", disse o Sr. Harrison ao The Independent.

"Nosso produto não tem nenhum dos aditivos nem os dejetos desagradáveis encontrados no petróleo convencional, e ainda assim pode ser utilizado nos motores atuais", explicou o CEO.

"Isso significa que as pessoas podem ir até o pátio do estacionamento ou à garagem e colocar nosso produto em seus carros, sem precisar instalar baterias ou adaptar o veículo, muito menos montar tanques de hidrogênio. Significa ainda que a infraestrutura existente para transporte pode ser utilizada normalmente", disse o Sr. Harrison.

A possibilidade de capturar dióxido de carbono do ar e remover o principal gás do efeito estufa industrial, resultante da queima de combustíveis fósseis como carvão e petróleo, tem tudo para ser a tábua da salvação da economia verde emergente.

Utilizar o dióxido de carbono extraído para criar um petróleo que pode ser armazenado, transportado e usado como combustível para os motores da atualidade leva a ideia ainda mais adiante. Segundo o Sr. Harrison, o novo combustível pode transformar o cenário econômico e ambiental da Inglaterra. E talvez do mundo.

"Estamos convertendo eletricidade renovável em uma forma mais versátil, útil e armazenável de energia, chamada de combustíveis líquidos para transportes. Acreditamos que até o final de 2014 consigamos o investimento necessário para produzir petróleo a partir de energia renovável em nível comercial", adiantou.

"Nós devemos nos transferir para uma operação maior, em estilo refinaria, dentro dos próximos 15 dias. O problema é ter certeza de que o Reino Unido esteja em um bom lugar para criar e estabelecer todos os processos de fabricação que esta tecnologia exige. Você tem potencial para modificar a economia de um país se você conseguir fazer seu próprio combustível", disse ele, confiante.

Segundo o Sr. Harrison, o plano inicial é produzir um tipo de gasolina que possa ser misturada com o combustível convencional, o que iria suprir as necessidades de combustíveis de alta performance em veículos esportivos. A tecnologia também é ideal para comunidades remotas que possuem fontes abundantes de eletricidade renovável, como energia solar, turbinas eólicas ou energia marítima, mas não têm grandes recursos de armazenamento.

"Estamos falando de uma série de comunidades insulares ao redor do mundo e outros nichos de mercado, para ajudarmos a resolver seus problemas de energia. Você está em um mercado no qual a única saída é aumentar o preço do combustível fóssil, e haverá um momento em que nossos combustíveis se tornarão mais baratos", disse Harrison.

Embora o protótipo do sistema seja destinado a extrair dióxido de carbono do ar, esta parte do processo é ainda ineficiente para permitir uma operação em nível comercial. A empresa pode e tem utilizado o dióxido de carbono extraído do ar para fazer seu combustível, mas também está utilizando fontes industrializadas deste material, até que seja capaz de melhorar o desempenho do processo de 'captura de carbono'.

Outras empresas estão trabalhando em novas maneiras de melhorar este processo, que é considerado muito caro para se tornar comercialmente viável. Capturar uma tonelada de dióxido de carbono custa o equivalente a R$ 1.300.

Entretanto, o professor Klaus Lackner, da Universidade de Columbia, em Nova York, disse que os altos custos de qualquer nova tecnologia sempre caem drasticamente com o tempo.

"Comprei meu primeiro CD na década de 80 por 20 dólares (cerca de 40 reais) e hoje você pode fazer um por menos de 10 centavos. O custo de uma lâmpada caiu aproximadamente 7.000 vezes no decorrer de todo o século passado", disse o professor.

Se tudo der certo, provavelmente teremos uma solução para a escassez de petróleo e a crise de energia, e, de quebra, conseguiremos diminuir consideravelmente a poluição ambiental. Mas fica a pergunta: com o combustível alternativo a preços menores, o que será que vai acontecer com a economia dos países petroleiros do Oriente Médio?

Um comentário:

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