Com os anúncios das reservas de petróleo e gás na camada
pré-sal, localizada em águas profundas (entre 5 mil m e 7 mil
m abaixo do nível do mar), há boas perspectivas de abertura de
postos de trabalho na cadeia produtiva desses dois recursos. O tecnólogo
em petróleo e gás é um dos profissionais que pode se beneficiar
diretamente.
A perspectiva não podia ser melhor para o tecnólogo. A tendência
é de crescimento bastante grande e imediato”, afirma o professor
do curso de tecnologia em petróleo e gás do Centro Federal de
Educação Tecnológica de Campos (Cefet-Campos), Gladstone
Peixoto Moraes. No Cefet-Campos, o curso é oferecido na unidade de Macaé,
no Rio de Janeiro.
As possibilidades de trabalho na cadeia produtiva são muitas e dependem
da formação do profissional. O tecnólogo pode trabalhar
na exploração, na transformação e até no
aproveitamento do petróleo e do gás natural. Assim, os postos
de trabalho vão desde as empresas de engenharia que perfuram os poços
até refinarias e petroquímicas.
“Alguns dos cargos que o tecnólogo pode exercer são analista
de controle de qualidade, de logística, de processos industriais, de
risco ambiental, operador de distribuição. No mercado esses profissionais
já estão sendo absorvidos”, afirma a coordenadora do curso
de tecnologia em petróleo e gás da Universidade Católica
de Santos (Unisantos), Adriana Florentino de Souza Leoni. A graduação
é ministrada na cidade de Santos no estado de São Paulo.
Engenharia ou tecnologia
“O curso de tecnólogo pretende atender a demanda por mão-de-obra
especializada de maneira mais ágil”, afirma Moraes. “O curso
de tecnólogo é focado na atividade. Ele estuda o que é
necessário para a aplicação.”
De acordo com o professor, a diferença entre o curso de tecnologia e
o de engenharia é a extensão do conteúdo estudado. “O
engenheiro estuda três ou quatro cálculos, de maneira mais horizontalizada.
O engenheiro também aprende diversos aspectos da física. Já
o tecnólogo aprende o que vai exercer”, diz.
A formação
Ao todo, segundo dados do Ministério da Educação (MEC),
existem 56 cursos de tecnologia de petróleo e gás no Brasil –
a maior parte localizada no estado do Rio de Janeiro. De acordo com as regras
do curso, a formação acontece em três anos, com duração
mínima de 2.400h.
Cada instituição oferece um foco, de acordo com as necessidades
do mercado local. O Cefet-Campos, por exemplo, é voltado para a atividade
de exploração dos recursos. Já a formação
da Unisantos é generalista – pois a região já tem
um pólo petroquímico e terá também desenvolvimento
de exploração do recurso.
Também varia a exigência de estágio e de trabalho de conclusão
de curso. O que é comum é a necessidade de visitas técnicas
a empresas durante a formação.
O curso
Para atender à demanda, instuições públicas e privadas
estão abrindo cursos técnicos e de graduação voltados
especificamente para a área de petróleo e gás.
Atualmente, há 87 cursos de graduação em petróleo
reconhecidos pelo Ministério da Educação no país.
No entanto, há outros cursos que ainda não obtiveram reconhecimento,
mas estão em funcionamento.
Do total de 87 cursos reconhecidos, 56 são os chamados cursos superiores
de tecnologia, que formam os tecnólogos, que têm diploma de curso
superior, mas não têm título de bacharel.
O curso tem duração menor (média de dois anos) que a do
bacharelado (quatro a cinco anos) e é direcionado para o mercado de trabalho.
Mas os tecnólogos não são aceitos em concursos públicos
da Petrobras e têm de buscar trabalho em empresas terceirizadas.
Cada curso de tecnologia em petróleo e gás prioriza áreas
específicas, como técnica operacional, refino, processamento do
petróleo, mineração, gestão em negócios,
serviços em poços de petróleo, produção industrial,
entre outras.
Os outros 31 cursos de graduação são nas áreas
de engenharia e química.
Cursos técnicos
Já os cursos técnicos específicos na área de petróleo
ainda são poucos no país. De acordo com Gladstone Peixoto Moraes,
professor de tecnologia em petróleo e gás do Centro Federal de
Educação Tecnológica (Cefet) de Macaé (RJ), há
outros cursos técnicos que atendem à demanda da área, mas
não têm petróleo no nome.
Entre esses cursos, o professor cita os de eletromecânica, eletrônica
e até técnico em hotelaria, que dá suporte a unidades de
embarque e desembarque em plataformas de petróleo.
“Não precisa necessariamente ser técnico em petróleo.
Quem fizer técnico em mecânica ou eletromecânica vai ter
empregabilidade. Até mais que o técnico de petróleo em
si. Os editais da Petrobras costumam ter muitas vagas para técnico em
elétrica e eletrônica”, diz.
Segundo ele, o Centro Federal de Educação Tecnológica
(Cefet) está montando o curso de técnico em petróleo e
gás. A primeira prova de seleção será neste ano.
O curso capacita o profissional a operar, controlar e fazer manutenção
de máquinas e equipamentos, fazer análises de rochas, fluidos
e materiais para a indústria do petróleo e gás natural.
Os técnicos podem trabalhar em empresas do setor petrolífero,
operadoras de campos de petróleo e prestadoras de serviços na
área.
Bacias
Dos 87 cursos de graduação em petróleo e gás no
país, 54 estão no estado do Rio de Janeiro, cujo litoral abriga
a Bacia de Campos, que tem cerca de 100 mil quilômetros quadrados e se
estende do Espírito Santo, nas imediações da cidade de
Vitória, até Arraial do Cabo, no litoral norte do Rio de Janeiro.
Atualmente a bacia é responsável por aproximadamente 80% da produção
nacional de petróleo, com 55 campos de exploração.
Já os estados de Espírito Santo e São Paulo ocupam a
segunda posição no número de cursos de graduação
– nove cada um.
Mas o número de cursos, principalmente nos estados de São Paulo
e Espírito Santo, pode ser pequeno em vista das descobertas de jazidas
de pré-sal nas Bacias do Espírito Santo, de Campos e de Santos
– esta última se estende de Cabo Frio (RJ) até Florianópolis
(SC).
Vagas
De acordo com levantamento do Programa de Mobilização da Indústria
Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp), implantado pelo
governo federal em 2003 para capacitar mão-de-obra para implementação
de empreendimentos no setor de petróleo e gás, a estimativa era
de que seria necessário capacitar 112 mil pessoas para o setor entre
2008 e 2012.
Mas, com o aumento de investimentos da Petrobras, a previsão é
que serão necessárias 260 mil pessoas no mercado de petróleo
– nesse número são levadas em conta as cinco refinarias
que serão construídas até 2014 e as 28 plataformas até
2017. Isso sem contar os equipamentos que serão construídos para
operar nas jazidas de pré-sal.
Em outubro, a Petrobras anuncia o plano estratégico para o período
2009-2020. Só depois disso será possível saber quantas
pessoas o mercado de petróleo irá absorver contando com a descoberta
do pré-sal.
De acordo com Arlindo Charbel, consultor da Organização Nacional
da Indústria do Petróleo (Onip), a cada emprego direto aberto
no setor de petróleo, que vai da extração do óleo
ao refino e à venda dos derivados, são gerados outros 3,7 postos
indiretos.
Prominp
Charbel, que também é professor de tecnologia em petróleo
e gás, cita como formas de preencher as vagas no mercado o Programa de
Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e
Gás Natural (Prominp) e convênios de empresas com universidades.
Além disso, o site da Onip (www.onip.org.br) também traz as empresas
do setor conveniadas e recebe cadastro de currículos.
No caso do Prominp, que tem a coordenação do Ministério
de Minas e Energia, os interessados entram no programa por meio de seleção
pública e recebem ajuda de custo para fazer os cursos de qualificação
profissional, que contemplam todos os níveis de escolaridade.
O aluno matriculado tem seu currículo disponibilizado no Banco de Currículos
no Portal de Qualificação do Prominp (www.prominp.com.br), que
é acessado por empresas do setor de petróleo e gás natural,
cadastradas no portal.
Tecnólogos
Segundo o consultor, os tecnólogos são absorvidos por empresas
prestadoras de serviços da área de petróleo.
“Esses profissionais são contratados para tarefas de supervisão
de obras, por exemplo.” Ele explica que os tecnólogos atuam como
gestores especializados em uma área. “Os engenheiros, por exemplo,
trabalham com os detalhes, os tecnólogos enxergam todas as partes e fazem
uma inter-relação entre elas. Um complementa o outro”, diz.
Áreas de atuação
De acordo com o especialista, os profissionais que trabalham na área
de petróleo são contratados basicamente para as áreas de
exploração (descoberta e perfuração dos poços),
refinaria (transformação do petróleo em derivados), distribuição
e logística (transporte do óleo até a refinaria e, depois
de transformado, para o consumidor).
Ele diz que muitas vagas serão abertas com a construção
das cinco refinarias previstas pela Petrobras – Itaboraí (RJ),
Porto de Suape (PE), Guamaré (RN), uma no Ceará e outras duas
no Maranhão.
De acordo com Charbel, a construção de uma refinaria envolve
cerca de 40 mil pessoas. E cerca de mil pessoas trabalham na operação.
Já na obra de uma plataforma são envolvidas cerca de 5 mil pessoas.
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